domingo, 15 de fevereiro de 2009

O enigma de Dubai

























Sem nada para mostrar, além do deserto e das praias, Dubai resolveu investir em obras inacreditáveis. O delírio está funcionando.
Você não tem ouvido falar em Dubai por acaso. Não é por acidente que o pequeno e longínquo emirado, que é apenas a sétima parte de um país também minúsculo e distante chamado Emirados Árabes Unidos, anda frequentando programas de televisão, páginas dos jornais e revistas.
Também não é por contingência que esse exíguo torrão de deserto que, até 1971, nem sequer existia como nação organizada tenha recebido, no ano recém passado, quase 7 milhões de viajantes, 2 milhões mais do que o Brasil, com toda a variedade, o gigantismo e as atrações que não cansamos de propalar.








Os Maktoum governam esse território de areias quentes e fertilidade insignificante desde o século 19. Até a descoberta das reservas de petróleo no subsolo de seu território, em 1968, reinavam sobre raros beduínos, seus camelos e cabritos. O máximo que tinham a fazer era comprar ou apartar brigas.

Até 1970 tudo o que havia por lá era um porto de 20.000 habitantes, com alguns dhows — a embarcação típica do Oceano Índico — desembarcando ouro e especiarias, que eram imediatamente revendidos para outras nações do Golfo Pérsico, da Índia ou da África. Vivia-se do lucro dessas transações.
Foi o ouro negro, é claro, que mudou o destino de Dubai — como o fez com toda a região. Os Maktoum tornaram-se bilionários e sobrou o suficiente para a minúscula população do emirado prosperar também. A má notícia não demorou a vir. Descobriu-se que as reservas de petróleo de Dubai eram menores que a de seus vizinhos. Um cálculo mais apurado levou a trágica conclusão de que os poços secariam por volta de 2010, então falta apenas um ano para com otimismo o petróleo acabar.

Alguns governantes — você sabe—, agiriam rápido diante de uma notícia como essa. Levariam seu dinheiro para a Suíça, comprariam castelos na Inglaterra e tratariam de garantir um futuro sem preocupação para si e para seus sucessores. Em outras palavras, bye, bye, Dubai.
O sheik Rashid pensou diferente: em 1985, criou a zona de livre comércio e Jebel Ali. Oferecendo isenção fiscal e financiamentos subsidiados, em treze anos atraiu 1.500 empresas multinacionais, entre indústrias e prestadores de serviços.
O petróleo ainda jorrava e os estrangeiros começaram a chegar, motivando a construção de hotéis, restaurantes e shopping centers. A paisagem urbana, antes composta de edifícios de dois andares, começou a mudar. O mesmo ocorreu com os hábitos muçulmanos, que já não eram mesmo tão radicais.

O acerto da decisão levou a dinastia Maktoum a pensar em novas formas de diversificação. Optou-se pelo turismo. A Emirates Airlines voa seis vezes por semana saindo de São Paulo. È um voo direto para Dubai, com conexões para centenas de destinos na Ásia, África e Europa. Voa-se por aproximadamente 14 horas.

MELHOR ÉPOCA
Não chove nunca e é sempre muito quente nessa parte do mundo. Evite viajar no verão (entre junho e setembro), quando as temperaturas podem chegar perto dos 50 °C.

ONDE FICAR
Bud-al-Arab Hotel
A menor suíte do celebre hotel tem 270 m2 em dois pisos. E com mordomo.

Jumeirah Beach Hotel
O hotel em forma de velafica bem perto do Burj-al-Arab e tem acesso direto a praia. Mais moderno e menos extravagante, é o segundo mais procurado do emirado.

Al Bustan Rotana
Um hotel da Leading Hotels of the World, situado nas imediações do aeroporto. Tem bons restaurantes de cozinha árabe e tailandesa. O serviço é impecável.

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